Depois de uma noite muito gostosa no ginásio, saímos cedo como sempre, antes do nascer do sol, subindo as encostas vermelhas de Nájera, iluminados pela luz da lua.
Ao nascer do sol já estávamos em Azofra. Tomamos café e enquanto eu estava terminando, o Bruce se despediu e saiu na frente. Entendi que ele queria seguir sozinho e fui indo no meu passo.
Encontrei um brasileiro chamado Nelson, de Curitiba, que foi comigo até Santo Domingo de la Calzada. Uma cidade super aconchegante com uma praça bem legal cheia de restaurantes e a famosa lenda do galo que cantou depois de morto.
Ali paramos para descansar e logo chegou o Bruce. Ele decidiu ficar por ali. Como eu iria até Gragñon, creio que não deverei mais vê-lo, pois normalmente ando um pouco mais rápido, mas isso nunca se sabe.
Seguimos falando da vida com o Nelson, que é um aficionado de caminhadas e pedaladas. Ele me apresentou o Caminho da Fé no Brasil, que é uma peregrinação feira até Aparecida do Norte em São Paulo. E falando o tempo passou rápido e logo chegamos ao destino.
Fomos direto para o Albergue de la Parroquia San Juan Bautista e fui recebido pelo Hospitaleiro Armando. Deixei minha mochila no quarto e fui para a missa.
Neste albergue dormimos em colchões no chão e tudo é feito na partilha. Os Peregrinos cozinham, servem, lavam.
A gente ficou tocando piano e violão para animar a noite e depois tivemos um momento muito emocionante no coro da Igreja onde todos partilharam sua vivência e depois trocamos muitos abraços e lágrimas. Orei muito por todos os que amo e que estão caminhando junto comigo este Caminho.
Aqui havia duas hospitaleiras voluntárias brasileiras: Ju e Sueli. Elas me mostraram os passos para ser hospitaleiro voluntário, que é uma coisa que começa a crescer em meu coração.
Ah! Quase esqueci. Conheci o André, da Ucrânia, que se emocionou muito ao saber que havíamos acolhido uma família do seu país e agradeceu.
Aqui não dá vontade de dormir. Todo mundo ficou conversando, parece que de um dia pro outro a gente criou um relacionamento muito grande. Mas agora todos já estão na cama e eu tenho que me recolher, para amanhã acordar e caminhar.
