sábado, 20 de maio de 2023

Dia 22 - De Ponferrada a Trabadelo

Distância: 36 km

Escolhi este pueblo porque amanhã quero dormir no Cebreiro. Como eu sei que tem muita gente subindo, eu tive de, infelizmente, avançar 2 pueblos além de Villafranca del Bierzo para poder chegar antes. Isto não é verdadeiramente uma preocupação que eu deveria ter neste caminho mas tem muita gente caminhando, como nunca foi visto antes.
Acordei em Ponferrada às 6h da manhã e fiz pain-doré pra quem quisesse no café da manhã. Foi bem legal. Saí de barriga cheia caminhando com a Ana de Logroño, que vem caminhando comigo faz alguns dias. Como foi legal poder passar em todos os lugares em que estive antes e lembrar do que havia passado. Eu conseguia até saber o que iria vir depois de cada curva, hoje me lembrei de tudo. 
Em menos de uma hora saímos da cidade e caminhamos em estradas rurais de terra. Passamos diversos pueblos e a maior parte do terreno era subida. 
Antes de chegar a Villafranca del Bierzo, encontramos a Angeles, uma senhora que colhia cerejas e nos ofereceu para ir colher o que quiséssemos. Saí com um galho de cerejas na mão e fomos comendo... muito doces e deliciosas. E em minha cabeça eu pensava: como foi simples para a senhora fazer feliz o dia de alguns peregrinos. Ela poderia ter ficado quieta no canto dela, mas decidiu fazer o outro feliz. Assim também devo ser eu: sempre estar pronto para dar a mão. A gente nunca sabe quando podemos fazer o dia de alguém melhor.
Chegando em Villafranca del Bierzo, a Ana ficou no albergue municipal. Eu fui alguns metros mais adiante para visitar o albergue Ave Fênix da família Jato. Queria falar com Jesùs Jato mas ele havia operado o joelho e estava no hospital. 
Então, segui viagem. Encontrei o Jaime, que estava parado comendo mas segui adiante. No meio do caminho achei uma entrada para descer até a margem do rio Valcarce, que beirava o caminho desde Villafranca, e desci para passar uma hora na beira do rio. 
Fechei os olhos e fiquei escutando o barulho da água e agradecendo a Deus. Até dormi...
Depois, segui direto até Trabadelos. A chegada na cidade, agora asfaltada (era terra na última vez) estava linda, parecia um filme. 
Jantei com alguns italianos, o Tuca, que queria me ensinar italiano, e um outro da Holanda que eu não lembro o nome. 
Na sobremesa teve pela primeira vez a Tarta de Santiago que eu adoro, e estava maravilhosa! E agora, pronto para dormir e amanhã o quê? Acordar e caminhar....