Villafranca del Bierzo ao Cebreiro - 30,7 Km
Realizado - 649,20 Km
Para Santiago - 148,60 km
Esta etapa foi a que me trouxe maior apreensao. Entre os peregrinos é considerada a pior etapa ao lado da etapa dos Pirineus. Saímos do refúgio por volta das 9h10 com um frio congelante. Para piorar, quando estávamos quase fora da cidade lembrei-me que havia esquecido meu cajado. Voltamos busca, pois a etapa seria de subida e precisaria dele. Estava vestindo todas as minhas roupas da mochila, mas mesmo assim foi difícil de aguentar o frio. Para ajudar choveu o dia todo, alternando alguns momentos de sol, o que nos presenteou com um lindo arco-íris. Caminhamos junto com uma holandesa, porém sem falar muito coisa, pois a etapa toda era subida. Estava sempre esperando chegar ao pé do morro que levava ao Cebreiro. Gente, vcs nao tem noçao como caminhamos, sempre subindo. Cheguei a falar para o Igor que isso parece coisa de gente louca, eheheheh, para quem no vive o caminho pode ser que nao entenda. Finalmente chegamos, por volta das 15h30, ao pé do morro. Começamos a subir por uma trilha toda lameada, que lembrava o filme do Robin Wood ou do Patriota. Chegamos a um povoado (Fava) , depois de 1h30 e eu estava me achando, dizendo par ao Igor que nem foi tudo aquilo que falavam quanto a dificuldade. Restavam apenas 4 Km de Fava a Cebreiro. Nossa fiquei super feliz e aliviada, porém foram os 4 Km mais duros. Caminhávamos muito por uma íngreme subida com lama até a canela, desviando dos excrementos de animais (vacas, gabritos, cahorros e outros sem identificaçao), com um frio (pq havia neve), com uma chuva fina e gelada, caminhando entre as nuvens, que impediam de enxergarmos mais do que 1 m a frente. Caminhamos 2 Km e eu entreguei os Bets....disse para Igor que nao aguentava de frio e dor nas costas e precisava parar. Para um peregrino párar faltando apenas 2 km é uma burrice, mas neste caso foi uma parada revigorante. Quando voltamos a caminhar subi morro acima como um cachorro que corre atrás da linguiça, td que queria era chegar no albergue para me abrigar e sair do frio. Cegamos no Albergue por volta da 18h15 (noite). Fomos muito bem recebidos em um albergue bem estruturado, bastante quente, com calefaçao. Deitei na cama que nao queria saber de nada. Porém neste povoado há exposto um milagre semelhante ao milagre de Lanciano, entao disse para Igor que nao poderia deixar de ir a Igreja para comtemplar tal milagre. Assim fizemos. Saímos junto com a Holandesa, um dinamarques e uma alema. Eu gritava como uma louca (Brasil eu te amo!!!), pq precisava extravasar o frio que sentia. Tudo que nao esperava era encontrar no caminho neve, porém sentia-me feliz por viver isso pela primeira vez na vida. Vimos o milagre, com emoçao e na volta para o refúgio paramos para jantar e voltamos correndo para dormir. Igor dormiu sem camisa e passou muito calor, para vcs terem uma idéia do efeito da calefaçao. Eu consegui dormir sem cobertor, ehehehehh.
Em fim, foi um dia cheio de alegrias, sofrimentos e realizaçoes. Adentramos à província da Galícia, onde há as mais lindas paisagens da Espanha. Ao final deste dia estávamos com um sentimento de vencer algo que, devido as condiçoes climáticas, parecia intransponível. Daqui para frente é só alegria, esperar chegar a Santiago.
Santiago aí vamos nós.......