Cizur Menor - Ponta de La Reina - 27 Km
Realizado - 67 Km
Para Santiago - 723
Espanha 09/10/2008
O dia de hoje foi mais difícil que os 2 dias anteriores. Fizemos a subida do Monte do Perdão. Descobri porque se chama monte do Perdao: porque depois que chega no alto descobrimos que pagamos metade dos pecados da vida e depois que desce para pagar a outra metade. É uma etapa difícil devido ao terreno, que é cheio de pedras que rolam, como se fosse um rio seco. Isso dificulta a caminhada. Saimos às 8h30 e cheguei na cidade de Ponta de La Reina às 18h.
Meus amigos me deixaram para trás, porque estava caminhando muito devagar, por causa das bolhas que nasceram na planta do pé e de uma dor que sinto no calcanhar, internamente. Segundo meu amigo brasileiro, que faz parte da Equipe de Médicos sem Fronteira, pode ser início de uma tendinite. Permaneceu comigo apenas Isidro, o espanhol, que me acompanhou durante todo o percurso e me deu o seu par de bastoes, aquele usado para esquiar na neve. Aqui há muito desses. Esse recurso me ajudou muito, já que o cajado não estva sendo suficiente para segurar a força da descida e da subida.
Faz muito frio por aqui. Quando chegamos no topo do Monte do Perdao ventava muito, eu cheguei a ser carregada pelo vento, eheheheh, apesar de ser magra isso nunca havia acontecido, eheheheh.
Quando chegamos no final do Monte do Perdão, depois de mais de 4 horas de caminhada paramos em um povoado. Isidro comprou para mim com um pim, que tem uma lesminha com um cajado.... O que vocês acham que ele quis dizer, eheheheh
Depois resolvemos pegar um desvio de mais 3 Km para visitar uma Igreja muito antiga que chama-se Eunate, dos Templários. Foi muito especial. Pernmanecemos por ali por mais de 15 minutos, orando e recebendo a energia que nos revigorou para mais uns 3 Km de caminhada, não sei bem....
Durante todo o dia caminhei parte só e parte com Isidro. Falamos de muitas coisas: da família, trabalho, amigos, filhos, mas principalmente compartilhamos nossa fé.
Durante a subida do Monte do Perdão vivi um momento muito especial. Comecei a perceber as pedras que rolavam enquanto passava, a dificuldade que era para transpô-las e comecei a pensar em minha vida, na vida de todos nós, que é cheia de pedras que podem dificultar nossa vida. Porém podemos fazer das pedras nossas aliadas ou não.
Assim como as pedras da vida, podemos usá-las para nos levar a um lugar melhor, onde queremos chegar, aprender e sairmos mais fortes. Podemos escolher parar, desistirmos e ficarmos pensando que é muito difícil. Senti no percurso uma alegria interior muito intensa, porque percebi que nao importava as bolhas, dores no calcanhar, no corpo, no ombro, em fim, mesmo com as dores e dificuldades podemos ser infinitamente felizes. Me senti muito feliz, mesmo com todas as dificuldades, porque nada, nada pode nos separar do amor de Deus que está presente a todo instante.
Infelizmente não estou tendo tempo para ir em uma Lan house para mandar as fotos, mas amanhã estarei em Estella, uma cidade um pouco maior do que os pueblos que passei.
Tem sido também bem engraçado falar com os holandeses que só falam Inglês e eu espanhol ou português. Nos comunicamos de qualquer maneira, e nos divertimos muito juntos. Acho que será melhor quando o Igor chegar, pq daí poderá ser nosso tradutor, eheheheh
Estou com muitas saudades. Amo todos vocês....
Ultreya (descobri o verdadeiro sentido dessa palavra, ou melhor, agora vivencio na carne, eehehehe)