sábado, 27 de maio de 2023

Dia 29 - De Monte do Gozo à Santiago de Compostela

Distância : 4,2 km

Chegou o grande dia!!! Depois de 4 semanas de caminhada, o momento culminants de concluir a peregrinação ao sepulcro do Apóstolo São Tiago. Uma manhã preguiçosa, levantamos tranquilamente, arrumamos as coisas e saímos caminhando devagar e sem tomar café. Depois de descer o Monte do Gozo, logo entramos em Santiago. 
Que emoção... fui lembrando de todas as cidades, todas as pessoas, todos os momentos, e ia caminhando junto com a Cris, lembrando também da primeira vez que havíamos estado aqui. Encontramos um voluntário da oficina de peregrinos chamado Juan Antônio. Ele estava indo para a oficina, que abria as 9h da manhã. Contou muitas coisas sobre seus muitos caminhos, mas agora ele já não pode mais caminhar longe e se dedica como voluntário. Sua função é entregar a Compostelana a cada peregrino que chega e segundo ele, a recompensa é poder olhar cada um e sentir o caminho dentro de cada olhar. E assim, seguimos caminho. Fomos descendo as ruas para o centro histórico e logo apareceram as torres da Catedral de Santiago. 
Cheios de emoção, seguimos caminhando. Encontramos Mark, um outro jovem peregrino que havia animado a noite comigo no violão e piano em Gragñon. 
E foi se montando o cenário de emoção para a chegada na catedral. Assim, baixamos o túnel que dá na praça do Obradouro com o coração a mil e terminamos nossa peregrinação ao ver a maravilhosa fachada da Catedral de Santiago. 
Aí, as lágrimas vêm junto com a lembrança de tudo o que se passou, em conjunto com os encontros que fiz. A Cris estava lá para me deixar ainda mais feliz e emocionado. Outros peregrinos foram chegando e ficamos lá contemplando a catedral e tudo o que ela significa para um peregrino. Caminho encerrado? Ainda não...
Depois seguimos para a Oficina de Acogida de Los Peregrinos para buscar a Compostelana. Claro que quinze anos depois do primeiro Caminho não há mais ninguém escrevendo o certificado à mão. Agora a gente preenche os nossos dados em um site e recebemos um QR Code por e-mail. Este código é escaneado e o voluntário imprime o certificado. Pegamos os nossos e fomos finalmente tomar café (chocolate com churros), em meio a encontros com muitos peregrinos que havíamos conhecido no caminho. Caminho encerrado? Ainda não... ao meio-dia e meia começou a missa do peregrino na Catedral de Santiago. 
Agora entramos pela porta lateral pois não é mais permitido ver o Portal da Glória. Havia tanta gente na missa que quase não dava pra sentar nem no chão. Foi uma missa de sábado, curta, com o sermão em homenagem aos 50 anos de uma turma de advogados da Universidade de Santiago. Porém, ao comungar, senti Jesus presente bem forte comigo e percebi que ele havia mesmo caminhado o tempo inteiro enquanto eu estava no Caminho. A última missa que eu havia assistido am Montréal antes do Caminho falava da passagem dos discípulos de Emaús e eu havia pedido a Deus que Jesus caminhasse comigo como havia feito com os amigos de Emaús. Assim, ao comungar em Santiago, eu tive a certeza em.meu coração que sim, Ele estava comigo. Lembrei novamente dos dias de caminhada, das pessoas que encontrei, e tive certeza: Ele esteve comigo. Fiquei novamente muito emocionado e não parava de chorar. Então, o padre avisou que antes de terminar a missa, eles iriam suspender o Botafumeiro, o imenso incendiário da catedral de Santiago. O incenso representa as nossas orações que são levadas ao céu pela fumaça que sobe. E eu aproveitei para elevar uma oração e percebi que cada passo dado neste Caminho havia sido uma oração. E lembrando de todos os passos novamente, pessoas, momentos, e vendo a fumaça subir, então chorei muito de alegria pela certeza de ter estado tão perto do Pai todo o tempo. Depois que acabou a missa, eu e a Cris nos abraçamos e choramos em silêncio. Não trocamos uma palavra, apenas um abraço longo e apertado que durou o tempo de nossas lágrimas. Choramos tudo o que tinhamos direito e eu me senti muito seguro e livre. Ficamos lá sentados, contemplando o altar enquanto a galera ia indo embora. 
Logo em seguida, fomos visitar a tumba do Apóstolo São Tiago. Depois, deixamos a Igreja e fomos almoçar com a Sueli (que era voluntária em Gragñon) em um restaurante muito legal chamado O Botafumeiro, de uma família brasileira. Comemos muito bem, uma picanha bem gostosa. 
Depois, pegamos o ônibus e seguimos para Porto, em Portugal, onde eu e a Cris vamos cada um para um lado, mas voltando pra casa. Caminho encerrado? As lágrimas foram todas derramadas, junto com muita coisa que eu tinha que por pra fora. Mas como na primeira vez, sei que chegar a Santiago não é um fim, mas um começo. Por isso, a vida é realmente um caminho de encontros e relações como aqui, e cabe a mim saber cuidar de cada um dos frágeis fios desta trama. Então, ainda vou dormir hoje para amanhã acordar e caminhar, até o fim da minha vida. E, como sempre diz a Cris, com passos firmes de quem sabe onde quer chegar!

Dia 28 - De Boente ao Monte do Gozo

Distância: 42 km

A última etapa antes de chegar a Santiago. Para esta etapa, como ela é longa, a Cris eneu combinamos de nos encontrar no meio do Caminho. Então, eu saí 4h30 da manhã com um céu estrelado para caminhar com a luz da minha lanterna. Estava uma escuridão danada e a floresta cobria o céu de modo que eu não podia mais ver as estrelas. E a estrada ia descendo cada vez mais. Dava um medo danado... parecia que eu estava em um filme de terror!!! Uma hora, de tanto descer, a trilha passou eu um túnel, eu queria morrer de tanto medo... passei alguns pueblos que pareciam ser muito bonitos, especialmente Ribadiso de Abaxo, onde o albergue é na beira do rio e a gente pode até tomar banho. Mas como tudo era de noite, não consegui tirar nenhuma foto. 
Mas mesmo as noites mais tenebrosas são sempre vencidas pela aurora. Quando eu entrei em Arzùa começou a clarear o dia. E os primeiros peregrinos foram aparecendo. Eu estava morrendo de fome e não havia nenhum café aberto. Assim, caminhei até Pregontoño onde parei para o café. 
Lá encontrei André, o ucraniano que mora em Toronto. Ele estava indo direto para Santiago dizendo que não aguentava mais o caminho e ter que ficar correndo atrás de vagas nos albergues. Talvez nos encontremos em Santiago.
Segui caminhando para encontrar a Cris em A Brea. Ela tomou um taxi e chegou bem antes que eu. Assim, ela seguiu caminhando e nos encontramos em um bar no Pedrouzo. Dali seguimos juntos e a caminhada foi ficando difícil, pois o dia era longo. 
Contornamos o aeroporto de Santiago e subimos para Lavacolla, onde encontramos o Mario. Ele é um espanhol que veio para o caminho meio frustrado com a vida, sem esperança na humanidade. Mas a Cris usou a mágica dela com o cara e ele ficou muito feliz, pois ela explicou como ele mesmo pode ser luz e esperança para quem ele encontrar. Foi um momento muito bonito e lá ela deixou a pedrinha que havia recebido em O Cebreiro. Depois fomos nos arrastando até o Monte do Gozo. E chegando lá já avistei as torres da catedral de Santiago e foi muito emocionante. 
Fiquei impressionado tambem com a quantidade de peregrinos que não sabe nada sobre este lugar: porque se chama Monte do Gozo (porque é a primeira vez que vemos a catedral), não sabem que podemos avistar as torres, nada. 
Mais tarde fui até o monumento dos peregrinos que avistam a catedral e meditei sobre tudo o que passou desde Saint Jean Pied-de-Port até agora e simplesmente posso dizer que sou muito feliz.
Terminamos o dia com a janta, roupa lavada e um bom soninho para amanhã acordar e caminhar 4km até Santiago, com passos firmes de quem sabe onde quer chegar!

quinta-feira, 25 de maio de 2023

Dia 27 - de Airexe a Boente

Distancia: 28 km

Hoje foi um dia mais que especial pois a Cris acordou determinada a caminhar comigo o dia inteiro! Para isso, usamos o serviço de despacho das mochilas para que o peso em seu joelho fosse menor. O serviço é simples: a gente recebe um envelope timbrado com o nome do transportador, preenche nosso nome e telefone e o nome do albergue destino e a cidade. Colocamos 4 euros no envelope. Assim que chegarmos no destino a mochila vai estar lá. É super legal.
Depois de mais uma noite super.bem dormida, tomamos um café no restaurante na frente de nosso albergue e seguimos viagem. 
Sempre pelas estradas rurais da Galícia, com paisagens maravilhosas. Um casal que caminhava com seu cachorro nos ofereceu ajuda. O nome do Senhor era Jesus e deram um medicamento pera a Cristina. Ficamos encontrando eles praticamente o dia inteiro. Seguimos por pequenos pueblos aqui e ali, até chegarmos à Palas de Rei, uma cidade bem grande, onde tivemos a chance de reencontrar Alfredo, um peregrino brasileiro que está fazendo o caminho com amigos. 
Passamos na Igreja de N S do Perpétuo Socorro, onde paramos para agradecer o Caminho e receber uma mensagem da Bíblia para meditar. Logo seguimos adiante, sempre encontrando alguns peregrinos conhecidos durante a caminhada. 
Mais tarde, depois do meio-dia, chegamos a Mélide, a cidade conhecida pelo pulpo à la gallega, ou polvo à moda da Galícia. 
Paramos no restaurante pulperia A Garnacha que é maravilhoso. E muito mais barato do que pagamos em O Cebreiro, onde estava tão caro que tivemos que dividir em 10... nossos amigos espanhóis estavam conosco e demos muitas risadas. 
Descansamos muito e saímos satisfeitos. Seguimos viagem sob um sol de rachar por mais 6 km em meio de florestas até chegarmos ao nosso destino, o albergue El Aleman, super novo e bem estruturado. 
Jantamos com duas senhoras da Bélgica que estão fazendo o caminho há 10 anos (cada ano fazem um pedacinho), e agora estão a 2 dias de terminar. Muita emoção!!! Agora vamos dormir mais uma vez. Amanhã acordamos cedo pra caminhar com passos firmes de quem sabe onde quer chegar!

quarta-feira, 24 de maio de 2023

Dia 26 - De Ferreiros a Airexe

Distância: 27 km

Ontem estávamos esperando que chovesse de noite, o tempo ficou bem fechado mas o dia amanheceu e não caiu nem uma gota. A gente havia colocando a roupa na secadora com medo da chuva mas nem precisava, lol!
Saímos devagarinho mas sem tomar café da manhã, na esperança de achar um lugar logo. O problema é que não aparecia lugar nenhum. Seguimos de pueblo em pueblo e tudo estava fechado, ou não oferecia café ou simplesmente não aceitavam que a gente comesse o que tínhamos na mochila, mesmo pedindo um café. Andamos mais de 5 km pra achar um lugar ainda fechado mas com mesas e cadeiras disponíveis e comemos nossos bolinhos que havíamos trazido. 
Logo na saída de nosso albergue encontramos a marca de que faltam 100 km para Santiago. Foi bem legal pois encontramos um local para carimbar a credencial com o logotipo dos 100km!!
Tocamos em frente mais uma hora e pouco, sempre descendo, até chegar na bela cidade de Portomarin. A gente entra na cidade atravessando a enorme ponte sobre o rio Miño. 
Em seguida já somos recebidos por uma escadaria gigante. Aproveitamos para passar na farmácia e encontramos um grupo de brasileiros que dividiu uma mesa com a gente enquanto almoçávamos. 
Nos divertimos muito com eles e foi um tempo bem legal. Saindo da cidade, atravessamos o rio de volta e subimos, subimos, e subimos até o topo de uma trilha onde a Cris e eu resolvemos cada um caminhar a seu ritmo. 
Nós encontramos mais adiante e seguimos juntos até Gonzar, de onde seguimos sozinhos novamente até Airexe (se pronuncia Aireje). Uma trilha cheia de árvores cobrindo o caminho. E um dia de reencontros com gente que não falava desde muitas semanas. Nosso jantar foi maravilhoso com vinho e cerveja e agora estamos prontos para o soninho merecido. E amanhã é só acordar e caminhar, com passos firmes de quem sabe onde quer chegar!

Dia 25 - De Samos a Ferreiros

Distância: 28 km

Depois de uma noite super bem dormida, em um quarto individual que tinha até lareira. Acordamos tranquilos e saímos com tempo para tomar um cafezinho no albergue da esquina. Encontramos André, um amigo ucraniano que esta morando em Toronto. Depois seguimos devagar pois a Cristina sentia dores no joelho esquerdo. Antes de sair de Samos ainda vimos o parque que passava perto do rio entre duas pontes. 
No meio do caminho, uma paisagem super linda, que parecia ter saído de um filme. Caminhamos entre ravinas cheias de carvalhos em caminhos de pedra. Logo em seguida encontramos Philip e sua esposa, um casal da Austrália que resolveram caminhar conosco, mesmo lentamente. 
No meio do caminho, eles nos emprestaram um suporte ortopédico para o joelho da Cris que ajudou bastante, e assim fomos até Sarria, a próxima cidade grande no Caminho. Aí paramos para comprar o suporte do joelho para a Cris. 
Sarria é um lugar onde muitos peregrinos começam o caminho pois é a primeira grande cidade antes de faltar 100km para Santiago. Esta é a última distância para a qual é concedida a Compostelana, que é o certificado de conclusão do caminho. 
Depois de Sarria, foi só subida. O caminho se divide em duas trilhas diferentes e eu obviamente peguei a que ia pelo mato e subi rapidinho até poder ver toda a cidade. Depois segui até chegar em Ferreiros. 
Quase chegando no final tive a oportunidade de orar com duas senhoras argentinas e finalmente apareceu o albergue.

terça-feira, 23 de maio de 2023

Encontro com o Igor


Oi todo mundo!!!!

Sou eu a Cris. Voltei pro caminho de Santiago pronta pra seguir com passos firmes de quem sabe onde quer chegar.

Desta vez vim pra fazer menos de 200km, mas meu objetivo foi de surpreender aquele que me surpreende a cada dia, o amor da minha vida: Igor Schultz.

Decidi de última hora vir pro caminho encontrar com o Igor. Com a ajuda dos meus primogênitos (Matheus e Thabata) pude deixar Montreal e embarcar nesta aventura. Por que uma aventura? Porque não sabia onde encontraria o Igor, como chegaria até onde ele estaria e como encontraria uma forma de surpreendê-lo. Pois bem, assim que meu filho Matheus me disse: « mamãe vai encontrar o papai, isso fará bem pra vc e pra ele », eu decidi arriscar e começar a planejar. Então fui buscar um bilhete de avião que me levasse de Montreal até Santiago e que fosse direto. Encontrei o trecho Montreal até Porto. Depois, procurei uma forma de chegar a Santiago. Acabei encontrando um ônibus que partia do aeroporto até Santiago. Ufaa, até aqui td funcionando. O desafio agora era saber em qual cidade o Igor estaria no dia da minha chegada na Espanha (21 de maio). Com a graça de Deus a cidade prevista seria o Cebreiro, lugar lindo e muito especial onde a Igreja local guarda um dos milagres Eucarísticos. E lá fui eu encontrar uma forma de chegar neste vilarejo que fica mais ou menos 163 km de Santiago. Não encontrei nenhum ônibus que fizesse este trajeto, então comecei a procurar um empresa de Táxi pra me levar até lá. Encontrei uma que não era a mais barata, mas foi a que me deu mais segurança e confiabilidade. Tem horas que mesmo na aventura precisamos primar pela segurança. Enquanto esperava o ônibus fiquei pensando nas surpresas que o caminho nos oferece desde que tomamos a decisão de vir. Os encontros, ahh os encontros que temos… incrível como enche o nosso coração e nos faz transbordar de alegria. No meu voo para Porto conheci a Nancy, uma quebecoise bem humorada e gentil. A gente clicou desde que nos sentamos lado a lado. Conversamos muitas coisas e ao fim das 6 horas de viagem nos sentimos ligadas e já trocamos telefone pra manter contato. Ahh meu Deus, como amo td isso. Tenho amizades até hoje com pessoas que conheci no caminho em 2008. (Vou colocar fotos depois, não consigo no celular).

Depois que desembarcamos trocamos telefone e prometia enviar fotos das nossas férias. Ela super curiosa pra saber como seria meu encontro surpresa com o Igor 😂. Depois nos despedimos e na loja pra comprar o chip do celular encontrei Marquis, um quebecois que fará o Caminho de Porto a Santiago. Ele faz parte da mesma Associação do Caminho que eu o Igor, mas como Québec é grande a gente nao se conhecia. Tomamos um café juntos e conversamos e trocamos experiências sobre o caminho. Foram 30 minutos de conversa que acabamos nos emocionando juntos e trocando contato. Depois lá fui eu esperar meu ônibus até Santiago que sairia as 11h. Ônibus confortável, mas não consegui dormir, ele parou em duas outras cidades antes de Santiago, Braga e Valência. Cheguei em Santiago as 15:15, morta de fome, porque a beleza aqui não se programou com comida e como era um domingo estava td fechado nas rodoviárias onde passamos. Chegando em Santiago comi alguma coisa na cafeteria da estação enquanto esperava o taxista que estava atrasado e me avisou por WhatsApp. Encontrei o taxista por volta da 16h e até o Cebreiro levaria 2 horas. Nossa, estava morta de cansada, já fazia quase 24 h sem dormir e ainda estava sob o efeito do jet lag. Tentei conversar com taxista, mas com meu espanhol enferrujado foi duro. Seguimos viagem e ele ficou feliz com a surpresa que faria pro Igor. Quando estávamos chegando no pequeno povoado onde o Igor estava, ele perguntou como eu estava me sentindo e se eu estava feliz. Lol.

Pedi a ele pra me deixar em um lugar discreto e lá fui eu tentar achar o Igor. Entrei no vilarejo cheio de peregrino que me olhavam chegando como se eu fosse um ET. Isso porque estava chegando muito tarde e todos já sabiam que não tinha nenhum lugar disponível para eu dormir. Bem, comecei a falar com e com outro dizendo que estava procurando meu marido e que faria uma surpresa a ele. E eu não estava nem aí se tinha vaga pra mim dormir ou não, só queria encontrar com o Igor ela fui eu na minha busca que durou em torno de uns 30 minutos. Acabei fazendo uma chamada de vídeo ele e mostrei a paisagem das montanhas do Cebreiro e perguntei: adivinha onde estou. E ele: ahh vc está no chalé da Thata. E eu disse, olhe de novo a paisagem. E nada, ele nem imaginava que poderia estar ali. Aí eu disse: estou aqui no Cebreiro, olha aqui atrás de mim o seu albergue. E ele veio descendo a colina atrás do Cebreiro pra me encontra e foi lindo. Lindo poder vê-lo bem, vindo na minha direção feliz enquanto eu subia o morro tentando cantar pra « como é grande o meu amor por vcs… » no meio de um choro que tomava conta da minha voz. Nos abraçamos e ali ficamos algum tempo tentando recuperar os dias em que ficamos separados. E ele em uma felicidade que só me apresentava pra todos os peregrino que conhecia. Fomos à missa juntos e vivemos momentos muito lindo com outros peregrinos e td foi perfeito. Amo este homem com toda força do meu ser. Descobri nestes dias sem ele que o amo não pelo que ele faz por mim, mas por quem ele é. Quero seguir o meu caminho nesta vida junto dele , seguindo sempre com passos firmes de quem sabe onde quer chegar porque ao lado dele td fica perfeito. 

Dia 24 - De O Cebreiro a Samos

Distancia: 32,1 km

Dormimos juntos Cristina e eu em uma cama do albergue municipal, pois não havia lugar para ela no Cebreiro. 
Acordamos antes das 6h e ainda antes de 6h30 já estávamos caminhando. Uma paisagem magnífica com o nascer do sol por trás das montanhas e as nuvens cobrindo o vale de Valcarce. 
Seguimos pela trilha da floresta para passarmos os pueblos de Liñares e Hospital de la Condesa, onde tomamos um café. Passamos pelo Alto de San Roque, onde está a emblemática estátua do peregrino que luta contra o vento. 
Neste ponto seguimos uma estrada alternativa para não caminharmos pelo asfalto. Fomos parar em Fonfrias, onde tivemos nossa segunda pausa para cuidar dos pés, acertar a bota e seguir. Então começou a descida para Triacastela. 
Essa foi difícil. Apesar de ser pera baixo, a descida pediu muito de nossos joelhos. A vista da região também é sublime, com vários trechos onde passamos por trilhas cobertas de árvores. Passamos também pela famosa castanheira de mais de 800 anos que existe em um pueblo antes de Triacastela. É impressionante. 
Descansamos bastante em Triacastela para cobrarmos os 10km qie faltavam para Samos. Chegando em Samos avistamos o monastério que há séculos abriga peregrinos em seu imenso albergue. 
No entanto, ficamos em uma pousada separada para podermos dormir tranquilos depois desta longa caminhada. Agora já é hora de dormir novamente para amanhã acordar e caminhar, com passos firmes de quem sabe onde quer chegar.